sábado, 24 de novembro de 2012

O Trabalho

"Acto ou efeito de trabalhar; exercicio da actividade humana, manual ou intlectual, produtiva..." Esta é a principal defenição num dicionário de ligua portuguesa da palavra trabalho. Não pretendo com este artigo "reinventar a roda" no que á defenição de trabalho diz respeito; na reacção usual que temos a essa defenição, apenas investigar a distância que existe entre a palavra e o seu significado, e a realidade daquilo que é o trabalho em si. Esse é o exercicio que eu considero interessante! O ser humano vive apaixonado pela acção na qual se inclui o trabalho, a "evolução" (a meu ver apenas uma ilusão) e o progresso. Dão-se ao trabalho muitos qualificativos nobres como: excelência; progresso; evolução; refinamento; riqueza, etc. No entanto na minha opinião o trabalho tal como me apercebo, não vai muito mais além do que uma actividade sem muito sentido pela qual basicamente procuramos ganhar dinheiro, inserir-nos na sociedade, ou destacar-nos. Vivemos num sistema que gira á volta do dinheiro e que faz desse dinheiro uma prioridade inquestionável. E para ter dinheiro – esse bem que muitos consideram imprescisndivel para viver -tem que se trabalhar. E o trabalho para a maior parte de nós é algo que fazemos quase obrigados, sem muito gosto, sem muita vontade. Então porque é que trabalhamos? Quando se olha para a natureza, á qual pertencemos e na qual muitas vezes nos inspiramos não vemos essa actividade a que chamamos trabalho. Os gatos por exemplo dormem quase todo o dia, os passáros cantam, voam e brincam... Estamos numa idade em que é preciso questionar a ordem social que herdamos, pois somos nós que vamos decidir que mundo queremos ter para o futuro. E esta coisa do trabalho, não faz muito sentido, pelo menos não da forma como o temos aceitado... Há uns tempos atrás ouvi uma afirmação muito interesante de uma pessoa que dizia "haja alegria no trabalho." Depois de refletir, nunca pensei que aquela afirmação pudesse fazer tanto sentido. Realmente todo o trabalho deveria ser feito com alegria, esse deveria ser um dos pilares de um trabalho real. O outro pilar deveria ser o trabalho como forma de religião. Esta afirmação pode parecer muito estranha, mas eu explico e vão ver que faz todo o sentido... O trabalho tal como o vemos hoje em dia parece-me que não tem profundidade. Isto é, a maior parte de nós trabalha para ter dinheiro, mais e mais dinheiro, num acto que não vai muito mais além de um aquisitivisto intrínseco que todos mais ou menos temos. Outras variantes do trabalho tal como o concebemos e aceitamos são: trabalhar para pagar as dividas e créditos, para sustentar os filhos; trabalha-se para alcançar posição ou manter o status. Convém apontar que trabalhar para manter o status e a respeitabilidade, para mim é das coisas mais abomináveis que se podem fazer. Para manter o status a pessoa é capaz, com o tempo, de fazer coisas que jamáis faria numa primeira fase, ou como pessoa livre. A respeitabilidade, o status, a posição, a opinião que os outros têm de nós, a nossa imagem social são das armadilhas mais ardilosas que existem na vida. No afã de queremos quase que inocentemente manter uma boa imagem torna-mo-nos com o tempo verdadeiros tiranos calculistas, frios, intolerantes, insuportáveis. O mundo do profissionalismo laboral é um mundo corrompido. È um mundo de imagens, aprências, falsidades, hipócrisias, joga-se com a culpabilidade, com a pressão, com a chantagem. È a carreira, a projecção social do nosso ego; por isso somos tão agarrados áo nosso trabalho, por isso temos essa vaidade de nos identificar-nos atravês da nossa actividade profissional. Nunca se deu -e em alguns casos nem covém - dar-nos a conhecer por outra perspectiva. O resto não conta, a imagem, o prestigio, a credibilidade, o Ego; isso sim é o que conta! E é o que tem contado á milhares de anos penso eu. Por isso somos tão apegados á nossa tarefa social; por isso lhe damos uma importância quase – ou totalmente – religiosa. Uma pessoa desempregada ou que muda frequentemente de emprego; ou que em alguns casos é uma pessoa polivalente, nunca tem muito crédito. A nossa bitola sempre nos disse que só conta quem tem nome, quem tem dinheiro, quem tem um bom trabalho, quem tem prestigio, quem é reconhecido. Assim somos, tão pouco budistas... sempre com muito apego e eternamente enganados pelas aparências. Além do mundo do trabalho tal como o conhecemos, existem também os afortunados, aquelas pessoas que realmente trabalham a fazer o que gostam, com liberdade, sem ruído, com a hipótese de criatividade, de expressão, sem a rotina, sem obrigação nenhuma. Chegado aqui faço uma afirmação perigosa e desestabilizadora, revolucionária em certa medida: É preferivel não trabalhar do que trabalhar sobre pressão medo ou violência. Não podemos de modo algum contribuir para alimentar um sistema que faliu completamente. È preciso recriar o mundo, ir ás bases e questionar aquilo que temos aceitado. È preciso reformular a ordem social. Os velhos "dogmas", as velhas medidas não interessam mais. Se queremos fazer alguma coisa positiva, então, em primeiro lugar precisamos de saber se essa acção tem algum sentido. Trabalhar nos dias de hoje é um completo feudalismo, sem liberdade alguma. É como receber esmola dos grandes senhores que controlam o nosso destino e que engordam ainda mais á nossa custa. È fundamental uma revolução... pacifica, em nós mesmos em primeiro lugar. Pois tal como afirmava o grande Sábio Jiddu Krishnamurti, só é possivel mudar a sociedade se cada um mudar sapientemente. Tudo o resto são como a revolução da primavera àrabe: sem sentido e fica tudo na mesma. Para finalizar o que tenho a dizer acerca do trabalho: Defendo o trabalho como forma de arte, como uma forma de religião. Trabalho que não produza mais antagonismo, competição, ansiedade ou nervosismo, medo, etc. Defendo que cada qual aprenda qual a sua vocação, se descubra na melhor forma de desempenhar uma tarefa, para depois disso, fazer do seu trabalho uma forma de arte, uma forma de mística. Uma forma de expressão no melhor que cada um tem a dar ao mundo. Só assim o mundo se pode desenvolver sem este atrito que todo o dia vemos por ai em toda a actividade que exercemos. Só assim cada um cumpre com o seu dever social, sem ameaças ou pressões, mas porque quer dar, quer contribuir.

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