domingo, 4 de novembro de 2012

A Espada na Pedra

Preocupa-me o futuro, preocupa-me a perspectiva de como serão os novos tempos, o meu caminho e principalmente das gerações que vêm depois de mim... As coisas estão a mudar, as novas gerações já não confiam na "democracia" (essa utopia), nem nos politicos que a representam. E tampouco confiam no capitalismo, com toda a sua máquina monetária como solução para os novos problemas. As novas gerações vão escolher o seu prório caminho. Um caminho completamente divorciado do caminho que os seus pais percorreram, um caminho na maior parte das vezes em conflito com o caminho tomado antes pelos seus pais e avós. Esse caminho que eles percorreram- um caminho de luta, de trabalho, de conquista, muitas vezes de sacrificio – já não serve para uma geração que encontra tudo feito, em que parece que não há nada que conquistar. Parece-me que a minha geração e as que vêm depois de mim são uma geração que encontra as falhas no sistema criado por outros, uma geração que encontra os paradoxos, uma geração que aponta as contradições, os erros, as corrupções. E o caminho das novas gerações será sempre um caminho oposto aos do seus pais e avós: será sempre um caminho mais de destruição do que de construção... Será um caminho de destrinça, de reciclagem, de seleção, de filtragem, de dúvida, de desconstrução dos valores deixados pelos antepassados recentes. Essa terá que ser a primeira etapa da construção de uma nova sociedade. No entanto a mim parece-me que no interregno vai haver muita incerteza, muita preguiça, muita dúvida, muita desorganização e se calhar vamos andar um pouco á deriva antes de encontrar porto seguro. Neste momento parece-me que se sabe o que se não quer, mas não se sabe bem o que se quer... Nas manifestações que cada vez mais saiem á rua, vemos vários movimentos sociáis: sindicalistas (que para mim não podem ter muito crédito), policias, desempregados, movimentos anarquistas, vegetarianos, naturistas, pacifistas, etc, etc, etc. Uns estão nas manifestações pelos melhores motivos, outros se calhar nem tanto. Considero os movimentos sociáis de grande valor, mas pelo que tenho visto e pela experiência que tenho tido, não existe muito entendimento entre eles. E naqueles que se começam a destacar logo surgem irremediavelmente os mesmos jogos de poder que parecem estar inerentes ao ADN do ser humano. A meu ver ainda existe muita turbulência, muita agitação, muita inquietação. E no que aos movimentos sociáis diz respeito prevejo que tão cedo não sairá algo de realmente conclusivo, algo estável... E é nessa instabilidade - que tão cedo parece que não se estabilizar- que reside a minha principal preocupação. Quanto tempo vamos andar assim? ...á deriva? Qual a fórmula para sair-mos desta incerteza; deste limbo? Os mais velhos parecem ter razão quando dizem "As novas gerações vão sofrer muito!". Mas eu penso que deveriamos fazer algo para moldar o nosso futuro, para evitar tragédias, ou antecipar-nos aos males que possam vir. Intuir uma solução parece-me um exercicio muito positivo numa altura em que existe tanta incerteza. E na minha opinião a solução está em voltar-mos á terra, voltarmos ás bases, reconhecer de novo os ciclos que nos regem: os ciclos da natureza. Acharmos de novo a esquadria de uma vida em harmonia com a natureza. Reaprender a viver em sociedade aceitando as diferênças parece-me que também será um dos factores a ter muito em conta, pois neste modelo de sociedade em que (ainda) vivemos torna-mo-nos talvez um pouco indiferentes. Para dar um exemplo muito concreto sou da opinião que a tecnologia tem que ficar um pouco para trás, ou não lhe dar-mos tanta importância; e por exemplo reaprender coisas práticas como saber construir uma casa, saber carpintaria, geometria, aprender a cultivar, etc. Estas são as alternativas imediatas que serão necessárias a curto prazo. Penso que se não voltar-mos ás bases todas as insatisfações sociáis que vemos pelas ruas irão degenerar inevitavelmente em violência e em caos pois não se encontrará uma saida inteligente. Estes tempos de incerteza lembram-me sempre da história do Rei Artur e da espada cravada na pedra. Espada essa que só poderá ser retirada por um lider justo e virtuoso. Um lider que apresente uma solução correcta, uma solução acertada, uma saída credível. No meio da confusão de que me apercebo, tão cedo não consigo ver o justo, o inocente que retirará a espada da pedra.

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